terça-feira, 3 de novembro de 2009

ARTE QUE COMUNICA FÉ



“O que vocês escutam em segredo, proclamem sobre os telhados.” (Mt 10,27)

Volto o meu olhar para este painel que a cada dia está a minha frente, silenciando-me, levando-me a oração. Penso que a arte tem esse dom. Ela se apresenta a cada pessoa de uma forma nova, sublime. Ela tem o poder de dizer o não dizível, de mostrar o imostrável, na sua imediatez ganha vida, na sua liberdade não há condicionamento. Por isso mesmo, sinto-me livre e desejosa de lançar sobre ele o meu olhar e o meu coração, e nessa relação construir uma outra obra, a da palavra, a da reflexão, a da poesia.
Ainda me lembro de minha primeira caixa de lápis de cor e de minha irmã mais velha Fabiana ao meu lado me ensinando como fazer surgir o verde usando o amarelo e o azul. Como pintar uma laranja misturando o amarelo e o vermelho. Essa foi a minha apresentação oficial às cores primárias. De apenas três cores resultam todas as outras, uma infinidade. Amarelo, azul e vermelho, eis as cores da comunhão! Perfeita comunidade da qual brota toda diversidade. Talvez, essas três cores que se destacam nesse painel querem dizer só isso: Comunicação é comunhão. Comunicação é relação. É gerar o novo sem perder a sua essência. É a comunhão que dá o colorido à vida. Eis a Trindade!
Essas três cores em traços se misturam formando uma cruz, uma antena, um cálice... e em cada símbolo meus olhos se abrem e vêem ainda mais; vêem vida entregue, anúncio, comunicação, morte e, por fim, tudo é vida, tudo é páscoa, é ressurreição!
Palavras ressoam baixinho, como chuva fina e constante penetrando meu ser: “...nós,
porém, anunciamos Cristo crucificado.” (1Cor 1, 23); “Podeis beber do meu cálice?” (Mt 20, 22); “Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho.” (1 Cor 9, 16); Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade.” (Mc 16, 15). E, com elas, chegam pessoas e realidades que povoam meu coração: crianças, jovens, aqueles a quem o Evangelho ainda não chegou, os pobres e pequeninos ao quais Jesus mais ama. Assim, irrompe em meu ser o desejo de que as ondas que partem da Antena/Cruz, aquelas que irradiam o verdadeiro amor, sejam sintonizadas em cada coração e sejam transmitidas a partir deles, a todos.

“O Evangelho em todos os lares,
nos campos favelas,
em todos os lugares,
onde as ondas do amor
se fizerem chegar.”


Ir. Rosa Maria Ramalho, fsp

Um comentário:

  1. Rosa, a profundidade de sua contemplação dá força e sentido ao símbolo dessa cruz que se projeta para o alto em busca de Deus e o aproxima de nós. Ela expressa também uma comunicação de vida que ressurge da dor contingente na diversidade humana, pois o amor de Jesus venceu a morte.

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