quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

NATAL EM TRÊS ATOS


ATO I
Voz de Isaías


Vem, desde sempre esperado!
Como o sol que alegre chega,
Como a notícia da pessoa amada.

E de geração em geração
Se anuncia
Que um dia virá Àquele
Que sempre foi desejado.

Feras e criancinhas
Aguardam a hora de estar juntas
E celebrar na grande planície
A festa que terá lugar para todos
À sombra do Tronco brotado.


ATO II
Belém


Brilha a estrela mais bela.
O feno,
Macio e orgulhoso conforta o menino.
E o calor, vem da presença dos animais.

— Toma o Menino nas mãos Maria!
Os pastores estão cantando e vieram visitar.
E José na porta faz a acolhida, Gente de longe acaba de chegar.


ATO III
Eu testemunha

As luzes das fachadas
Não me permitem ver interiores.
Casas sombrias monetárias
Se escondem atrás de todo tremeluzir.

Os olhos ofuscados
Querem ver mais aparência
Quanto mais luzes,
Melhor a impressão.

Passa,
a Noite mais bela e
O encanto
Vai
Se
acabando.

E a Manjedoura,
Pequena e sem brilho algum
Continua acolhendo
Àquele que veio iluminar
Os moradores dos Jardins e das Periferias
Com a mesma intensidade.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

POR UM NATAL PARA TODOS

Cante agora,
Hinos, os mais belos
Corais diversos ou ser solitário.
Em catedrais ou viadutos
Iluminados com pequenas lâmpadas
Ou fogueiras de Natal.

Vejo por todos os lados
Vitrines, enfeites, cartões e presentes...
Mas meu coração aguarda,
Preparado em novena,
Aquele que vem.

Eis que vem a Alegria,
Para meio dos seus protegidos,
Acolhida pelos vencidos
No seio das marginais,
Onde correm crianças e carrinhos de papelão.

Verde e vermelho
Não colorem esse Natal!
Palha e cipó, em mãos kaingangs,
Também trançam presépios,
Árvores, estrelas e sonhos
Em tons de encarnação.

A paz e a justiça gritam sua ausência
Onde o Emanuel já foi anunciado, acolhido
E festejado em um Natal.
Farta seja a ceia de todos, todos os dias.
Pois, o banquete do amor
Já foi servido.
Abundante a solidariedade
Onde falta o pão, o lúdico, a palavra, o olhar.
Prósperas sejam as lutas
Pela igualdade e pelo respeito a toda forma de vida.
E que, a celebração do nascimento,
Daquele que trouxe vida e libertação a todos,
Na sua modéstia e humildade, volte a ser o Natal!

(Ir. Rosa Ramalho, fsp)


(Este poema, escrevi em Dezembro de 2006 em Porto Alegre-RS. Um Natal que jamais esquecerei...)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

NATAL DA MINHA INFÂNCIA

Os dias vão se cumprindo,
um a um
e mais um Natal se aproxima.

Lembro dos natais da minha  infância.
Que alegria era enfeitar a casa,
Fazer a limpeza do ano.
As paredes que ganhavam cores
enfeites eram poucos, 
os mesmos de anos passados,
as bolas de vidro e o pequeno presépio 
que sempre faltava alguma peça.

Novena, missa 
e família reunida na casa do Vovô.
E, a comida, era sempre a melhor do ano.

Passaram-se os anos,
tantos Natais!
Quem mudou?
Nós, ou o Natal?

Hoje, os presépios 
não encontram um lugar junto às vitrines.
As propagandas da televisão
não divulgam a Grande Notícia.
Os corais, nos ajudam a dizer:
Estamos em clima de paz!

Voltemos a Belém!
Maria e José não encontraram um lugar.
Os animais e a palha aqueceram o Menino,
humildes pastores foram visitá-lo,
Anjos cantavam:
Glória a Deus no mais alto do céu 
paz por toda parte!

Há ainda quem faça novena.
Na ainda quem busque sentido.
Natal é mistério!
Mistério revelado de amor!

Estamos em tempos
em que as luzes do Natal brilham muito,
mas nos dizem pouco.
Deixemo-nos guiar pela Luz verdadeira,
aquela que ilumina a todos!
Ela nos mostrará em que direção está Deus
E não nos fará desviar do caminho.

(Ir. Rosa Ramalho, fsp)



segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

CANTO DE LIBERDADE

Sem voz,
Sem palavras,
Cala em mim
Aquilo que me ensurdece.

Minha cela é iluminada,
Portas se abrem dentro e fora de mim,
Janelas sorriem pra rua,
E de noite abraço o luar.

Como pássaro me encontro,
Livre da gaiola,
Sem pesar migrando.
Livre entre cantos,
Cantar, cantar, voar.

(Ir. Rosa Ramalho, fsp)