sexta-feira, 6 de março de 2015

APAIXONE-SE PELA VERDADE!



Tive uma fase na vida, que cansada de justificar e argumentar algumas coisas, eu mentia. Não lembro bem, mas era pré-adolescente, talvez com uns 11 anos. Tudo começou com uma mentirinha de nada, que foi tornando proporção e que chegou num momento que eu já não sabia o que havia mentido. Ao mesmo tempo que eram situações complicadas, estarei mentindo se disser que não era divertido. Talvez fosse divertido pelo embaraçamento que aquilo causava e também pela minha criatividade de reinventar outra mentira e mais outra e outra.
Mas se tratando de mentir uma ou outra coisinha a meu respeito, é diferente de mentir para ou de alguém – especialmente quando se trata de mentir para si mesma. Quando acima cito que tudo começou com uma mentirinha, trago como exemplo a mentira da minha idade, quem sabe a descrição do lugar onde moro e etc. Mentiras aparentemente tolas, mas que se tornavam uma bola de neve que não derretia rapidamente.
Quando dei por mim, que estava mentindo demais e que aquilo fazia mal a mim e as pessoas que eu convivia, já havia passado um ano. E aprendi que mentir é feio, da maneira mais trágica possível.             
Ali, no auge do ‘descobrimento do mundo’, apaixonei-me por um grande amigo – aquele tipo que te faz despertar novos interesses, apresentando novas bandas, novos amigos, fazendo você tomar gosto por outro estilo de vida, cultura... Te levando a festas, convidando para viajar e sendo parceria em todos os momentos. Apaixonei-me e nossa amizade foi seguindo em frente. Foram anos de cumplicidade, mas nada além de amizade. Ele dizia que a amizade é um amor que nunca morre e que poderia me magoar e vice-versa e apesar de termos tido vivido muitas situações, o respeito e o carinho mútuo permaneciam.
Cadê a mentira nesse episódio tão inocente e singelo? Por aquelas tantas histórias e andanças, conheci muita gente! Pessoas que passaram por minha vida e deixaram marcas na maneira de ser e de levar a vida... Jovens e adolescentes de cidades diferentes e que se encontravam virtualmente ou combinavam algo toda semana.
Indas e vindas, comum em qualquer grupo que convive e se relaciona, tiveram ocasiões de conflitos, seja por ciúme, inveja ou divergências de opiniões – mas, friso e faço valer, as partilhas de vida, as fotografias, os aprendizados, as novidades, inúmeras vezes o sorriso, a música, o filme, o abraço, o consolo e a diversão.
Com os sentimentos aflorados e até devido a felicidade que sentia por fazer parte de uma turma tão dinâmica e cheia de diferenças parecidas, eu costumava dizer “Eu te amo” para todo mundo. Claro que era todo mundo que eu gostava e queria perto de mim... Porém, um longo tempo depois, quando declarei meu amor por esse amigo, ele me respondeu direto e objetivamente: “- Eu posso acreditar nisso? Você diz que ama todo mundo!”
Obviamente que a conversa não terminou ali. Ele pôs-se a contar suas experiências passadas, a importância de discernir o que verdadeiramente sentimos e de como a verdade dita com compaixão é capaz de fazer-se apaixonar por ela.

Aline Ruediger – Dezembro/2014


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