domingo, 26 de abril de 2015

SENDO ASSIM


            Muito mais que a estatura física e as características externas, precisamos levar em consideração, aquilo que as pessoas são em sua essência. A família onde nasceram, a cultura na qual cresceram, seus sonhos e planos para o futuro... Sua história de vida.
            Costumam dizer que sou simpática, atenciosa, prestativa, sincera, ousada, alegre. É o que costumam dizer... Sem que necessariamente eu seja sempre assim, pois concordo com Clarice Lispector quando diz: “Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar.”
Penso que definir-se, seja limitar-se pois tudo muda o tempo todo. Entretanto, nesta fase de minha vida, digo que sou como um pássaro fortalecendo as asas para vôos mais altos e distantes. Asas que custam voar além do que já consigo, penas que doem enquanto crescem, desafios que me fazem ter vontade de só ficar no ninho...
            Sou uma mulher que sonha, que falha, que luta, que reza, que briga, que ama. Sou todas as fases da lua, as quatro estações do ano, os sete sentidos aflorados; todos de uma só vez.
            Conhece bem a mim, quem antes conhece a si. Sabe como sou, quem abriu seu coração e me recebeu na verdade nua e crua, sem esperar algo em troca... Apenas pela gratuidade e na reciprocidade.
            Sou a transparência do riacho na mata, a verdade dita no olhar, a simplicidade da margarida sem perfume, a bondade da criança que oferece seu carinho a quem nunca viu, a honestidade de fazer o bem no anonimato, a teimosia de crer que é teimoso quem teima comigo, o ciúme do filhinho mais velho ao ver seu irmão recém nascido no seio na mãe, o drama tenebroso feita aquela cena com música de suspense, a loucura de ser sempre a mesma, sendo diferente.
           

Aline Ruediger – Abril/2015



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