quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

O NATAL EM MIM


As manhãs de verão
já me dizem que é Natal.
O olhar permanece e repousa
sobre o Menino entre as palhas.

As luzes, desejos e apelos deste tempo
tem poder sobre mim
quando desvio o meu olhar Dele.

A Palavra encarnada
e sempre nova
abre meus ouvidos
e o coração desperta
para a misericórdia.

O fazer presépios com as mãos
vem restaurar em mim
tudo o que está rompido.

“Alegrem-se!”
É imperativo e programa de vida.
Vem como vieste, ó Menino:
migrante, perseguido e rejeitado.
Vem reunir a gente,
vem recordar-nos 
que somos irmãos e irmãs,
em Ti um só corpo.
Vem trazer-nos esperança, ó Menino!
Vem!


domingo, 25 de novembro de 2018

DIVERSOS TONS DE DENTRO

Após os ipês,
os jacarandás deram cor à cidade.
Agora, incendeiam os flamboaiãs
dando calor à prece
que faço em itinerância. 

As palavras não se digerem
tão facilmente como as frutas.
As manhãs nem sempre trazem
um novo sentir como eu desejo.

Mas a cidade tem vida.
No lixo, há vida.
Em mim, há vida.
O amor de Deus
implode nossas ruínas,
organiza nosso caos
e transforma tudo.

(Ir. Rosa Ramalho, fsp)


quinta-feira, 15 de novembro de 2018

PENSAMENTOS E PALAVRAS

O frio da madrugada
pede um lençol suave
e traz tantas companhias.
Nem tudo que a gente pensa
precisa tornar-se palavra.
Palavras demais
machucam dentro
e podem romper
com abraços duradouros.

(Ir. Rosa Ramalho, fsp)


segunda-feira, 22 de outubro de 2018

MEU TESOURO

O sol brilha e não é ouro.
As flores tem um perfume
que não posso comprar.
Um abraço é tão “caro”
que só consigo pagar
retribuindo o calor.
A palavra gratidão não tem preço,
tem consolo.
Uma prece vale tanto,
tanto quanto um presente
não esperado.
A oferta das flores dos jacarandás
acontece de uma só vez.
Tudo me devolve e me completa
na minha fragilidade e beleza.
Tesouro que não preciso proteger,
ninguém rouba, ninguém destrói.
Está em mim,
é meu,
como meu nome.

(Ir. Rosa Ramalho, fsp)


 

sábado, 6 de outubro de 2018

MODELAR, MODELAR-SE

Tomam corpo
palavras e sentimentos
com gosto do nosso 
sabor preferido
ou daquilo que 
nos provoca náuseas.

De manhã a noite
refazemo-nos
tocados de saudade
e de um novo sentir.

A manutenção interna
move-nos como o sol
e a lua em primavera.

Cura-nos
adaptarmo-nos onde
recostamos a cabeça.

(Rosa Ramalho, fsp)

 

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

SARDADE DEMAIS

(Quando a sardade é demais, ela sai de dentro e toma corpo em poesia.)

Saudade é menina.
Como planta,
cresce no coração da gente
e cria raiz em cada pensamento,
em tudo que a gente vê
e sente.

A dor da saudade 
é uma dor sem lugar no corpo.
Ela não tem paragem,
acompanha cada passo 
de quem ama demais.

Tem saudades de lugares,
de um momento da vida
e até de um animal.
Mas aquela que mais machuca
é saudade de gente.
Gente que está longe,
mas vive morando 
dentro da gente.

(Rosa Maria Ramalho, fsp)



domingo, 26 de agosto de 2018

FLORIR SÓ

Ali ela floresceu 
Onde ninguém esperava
Apresentou-se mais forte 
que qualquer adversidade
E mostrou-se. Floresceu.
Flor que é flor
Onde é plantada deve 
Surpreender.


(Ir. Rosa Ramalho, fsp)


OLHO-DE-BONECA

Até então,
rosas, dálias, beijos e margaridas
faziam parte de meu jardim. 
Roubaste-me com teu perfume,
Simplicidade e delicadeza.
Transformando 
um tronco estéril em morada,
e, a qualquer altura, um jardim.

(Ir. Rosa Ramalho, fsp)




sábado, 18 de agosto de 2018

DESEJOS QUE SAEM DE DENTRO

Toma nas mãos a tua vida.
Toma nas mãos a tua história.
Deixe-as abertas e estendidas
Para que doem um pouco de ti,
Com uma única intenção.

Sê fecundo o teu silêncio,
Pois é da intimidade que nascem os frutos
E é na fidelidade ao Amor,
Definitivo e Absoluto,
Que te tornas uma com Ele.

Coloque a Palavra em tua mente
E deixe que teus pensamentos a ruminem
E tua boca seja contaminada
Fazendo com que cada som e cada palavra
Sejam um anúncio da Boa Nova.

Não afaste de teus olhos os pobres.
Sê pobre.
O que vês, ilumina teu coração,
Transforma teu proceder e
Orienta tua missão.

Comunica sem temor o Evangelho,
Com aquele amor que te consome,
Com aquela ternura que cura.
Lembra-te que és apenas um instrumento.
Custosas também são as esperas
Por aquele tempo que não é o teu.

E as noites, permanecerão longas.
E as estruturas, sempre questionáveis.
E o Amor, é capaz de tudo. Transforma tudo.
E nesse caminho longo, acidentado e fascinante
Sabes que não vais só.

(Ir. Rosa Maria Ramalho, fsp)

Ir. Silvana Candian, fsp
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