ENTRE VOAR E SENTIR

As pipas voam competindo
Sob um céu carregado
De previsões e surpresas.
O vento toca e
acaricia os meninos.

Quando é de manhã
Tudo é igual e novo
A rotina tem gosto de café
E de pequenas coisas
Que me fazem tanto sentido.

A viagem que se faz
Interior à dentro
Pode ser a primeira ou a última
Desde que para o alto
Se estiver voltado
Sempre terá
Um sorriso e uma lágrima teimosa
Brincando
Desafiando meu sentir.

(Rosa Ramalho, fsp)

(Para um certo João)

CONVERSÃO DE SÃO PAULO

Onde estavas quando pelos caminhos Ele pregava?

Onde estavas quando Ele falava de amor?

Onde estavas quando crucificado Ele foi?

Onde estavas quando Ele ressuscitou?

Não importa onde estavas

E por onde andavas.

No caminho foi Ele quem te alcançou.

Damasco será para sempre um sinal

Do encontro com Aquele que te amou.

O que era importante tornou-se um lixo

Perseguido agora e não mais perseguidor.

Ganhar a Cristo e estar com Ele

Tornou-se agora o seu lema.

Os caminhos da Judéia para ti foram poucos

Teu coração desejava ir mais além.

Teus olhos viam todos iguais

Dignos de receber tamanho bem.

Com coragem o Evangelho por ti proclamado

Fome, sede, perigos e perseguições.

Dificuldades por todos os lados.

Quem ousaria te separar deste amor?

Onde estavas quando pelos caminhos Ele pregava?

Onde estavas quando Ele falava de amor?

Onde estavas quando crucificado Ele foi?

Onde estavas quando Ele ressuscitou?

Não importa onde estavas

E por onde andavas.

No caminho foi Ele quem te alcançou.

Damasco será para sempre um sinal

Do encontro com Aquele que te amou.

(Ir. Rosa Ramalho, fsp)

LEITURA DE UM NOME

Não encontro um sinônimo 

para o teu nome,

como também não tem margens 

a tua paixão.

Na amplitude das ondas

e caminhos

encontras o teu sinal.

Há uma chave 

que abre tudo.

Há um modo 

de ser presente.

Há uma sinfonia 

em tuas palavras.

Há um jeito de ler a vida

como síntese e brevidade.

(Ir. Rosa Ramalho, fsp)

LEVANTA-TE

Levanta-te

e coloca-te a caminho

abraçada com a Cruz e a Palavra.

Forte, alimentada

Daquele que te dá vida.

Levanta-te

para olhar longe.

Contempla

a humanidade que caminha,

interroga-te, chore,

renove a esperança

em quem acreditas

que tem todas as respostas.

Levanta-te

Ergue teu olhar da tela

e vê ao redor.

Acaricia com o olhar

o rosto das tuas irmãs.

Veja-as! Toque-as!

Levanta-te

e com tuas mãos.

Louva! Clama!

Abre-as e estende-as oferecendo

o pão da Palavra

que tu conheces o sabor,

pois amassado foi

em tuas longas horas

de silêncio e escuta.

Levanta-te

ergue a voz e comunica!

Tua missão é ser profeta.

Sabes que a profecia

não se improvisa.

Ela nasce do coração desperto

nas vigílias e tormentas

tuas e do povo.

 Levanta-te

abres teus ouvidos.

Escuta e responde

 às melodias e os gritos

daqueles que estão ao teu redor

e que não tem outra voz

a não ser a tua.

Levanta-te

e caminhe de mãos dadas,

com teus irmãos e irmãs.

Levanta-te!

Almeje novos horizontes,

sonhe, edifique,

busque o novo.

Não tenhas medo!

Confia.

(Ir. Rosa Ramalho, fsp)

DEIXAR-SE AMAR

Vou recortar

teu sorriso de minhas lembranças

e colar em cartões coloridos

como os pés de fruta da estação.

Vou guardar tua voz

dentro de mim

como um canto que alimenta

meu silêncio

na madrugada de tua ausência.

É doce

o toque de tuas mãos

envolvendo-me

em um abraço

duradouro e seguro

que nada abstrai.

O teu céu toca o meu

e os hinos de nosso culto

tem a melodia das nossas origens

tão fácil é chegar a Deus

deixando-se amar.

(Ir. Rosa Ramalho, fsp)