terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

UMA HOMENAGEM PARA RICARDO BOECHAT

Levantaste a mão para clamar ajuda,
mas o fogo foi mais forte 
do que o nosso desejo 
de mantê-lo vivo.

Tua boca sempre ardeu
como as chamas que te consumiram.
Palavra tem fogo.
Palavra corta, divide.
Palavra cura.
Palavra consola.

Mas a tua morte,
tirou-nos a palavra
e só sabemos entre lágrimas 
repetir as tuas.

Provaste com teus gestos
que a caridade
transborda o religioso
e não pertence a quem se diz de Deus
mas a quem ama o outro
porque ama, só isso.

Agora, tocar o barco
é viver o hoje
como se nada fosse mais importante
do que um almoço com a família.

(Ir. Rosa Ramalho, fsp)

Ontem, 11 de fevereiro de 2019, eu voltava do almoço quando ouvi na rua a conversa de um rapaz com sua mãe. Ele dizia: "Mãe, faltou a senhora colocar a vírgula. Ele perguntou se a senhora já tinha alugado o imóvel e a senhora respondeu 'Não alugo pra você' em vez disso deveria escrever 'Não, vírgula, alugo pra você'". E os dois riram e seguiram seu caminho. Eu eu, ri também e segui o meu.
Cheguei na livraria ansiosa para contar para alguém esta conversa. Porém, algo mais forte chegou aos meus ouvidos: "Você viu que o Boechat morreu." Não consegui acreditar e fui logo pesquisar e era verdade. Uma triste verdade.
Sou uma apaixonada pelo rádio e desde 2006 eu acompanho a rádio BandNews, lá, estão no momento, os meus programas radiofônicos  preferidos. Talvez nunca tenha dito a ninguém, mas sempre admirei o trabalho de Boechat, seus comentários feitos de improviso me provocavam a ter opinião e a ser melhor em minha comunicação. 
Boechat, aprendi com você que comunicação é sempre sinônimo de paixão. As  palavras não devem ser apenas bonitas ou bem colocadas. Elas devem inflamar, partir das entranhas de quem ama sobretudo a verdade e o bem dos outros. Uma vírgula tem poder. Palavra queima.