sexta-feira, 27 de março de 2020

5º DOMINGO DA QUARESMA - A VIDA PELOS AMIGOS

Choraste pela morte de um amigo
E me mostraste a tua face mais bela.
As lágrimas são capazes
de fazer germinar a semente
na terra mais árida.
A dor e o pranto,
Cedem espaço à palavra de ordem:
RESSURREIÇÃO!


Neste V Domingo da Quaresma estamos entre amigos que se conhecem, se amam e choram juntos. Estamos com o Amigo Jesus que se sente em casa no lar de Marta, Maria e Lázaro. Entre aquelas quatro paredes e naqueles corações se escutava o Mestre Amigo, mas também se questionava, se desafiava mutuamente. É oportuno ler o texto de João 11, 1-45 juntamente com o relato de Lucas 10, 38-42 para compreender a liberdade destes amigos, que sabem escutar, mas também dizem o que pensam.
No Evangelho deste Domingo, Jesus não partiu imediatamente quando soube que Lázaro estava doente. Ele chegou quatro dias depois da morte do seu amigo, quando parecia que nada mais se podia fazer, a não ser chorar. E Jesus chorou. As suas lágrimas eram as lágrimas da amizade verdadeira, que faz a vida renascer, aquelas de alguém que dá a vida pelo amigo que ama: “Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15, 13). "Lázaro, saia para fora!" é a palavra de ordem de Jesus, é a sua palavra de amor que deseja para nós a vida e não a morte.
Vem amigo, vem amiga, vem para fora, vem para um novo modo de compreender a vida e interpretar os eventos, até mesmo a dor e a morte. E ouçamos hoje no escuro da noite, no silêncio do nosso coração amedrontado e inseguro as palavras que nos fazem voltar ao essencial da amizade com Jesus, ao fundamento da nossa fé cristã: "Eu sou a ressurreição e a vida! Quem acredita em mim, não morrerá para sempre" (Jo 11, 25). Nós acreditamos?

PARA VIVER A SEMANA:
Dedique um tempo para estar com o Amigo Jesus. Faça alguns minutos de silêncio, leia um trecho do Evangelho e deixe ressoar as palavras de Jesus no seu coração. Imagine a cena. Sinta-se entre os personagens. Dialogue com Jesus. Conclua seu momento de oração com a leitura de um Salmo ou com uma oração espontânea.


Ir. Ana Paula Ramalho, fsp (Reflexão)
Janine Boaventura (Desenho)
Ir. Rosa Ramalho, fsp (Poesia)
Três olhares sobre a Palavra

quarta-feira, 25 de março de 2020

NO SILÊNCIO, NA GRAÇA

O Anjo te encontrou em silêncio,
no Silêncio, na Graça,
mulher comum, 
uma de nós,
cheia de esperança.

Não precisaste entender tudo
para dizer Sim.
Teu coração já era de Deus,
por isso, 
o Anjo se sentiu em casa.

Ave Maria,
ave senhora,
por não termos palavras
usamos apenas aquela,
que por ser tão pequena, 
tem o poder de ser grande:
Mãe! 
Mãe de Jesus, 
mãe nossa.

(Ir. Rosa Ramalho, fsp)

(Cláudio Pastro)

sexta-feira, 20 de março de 2020

4º DOMINGO DA QUARESMA - QUE NOSSOS OLHOS FALEM DE ESPERANÇA

Dia e noite,
Noite e dia.
Tem dias que parecem noites
E tem noites 
que parecem não ter fim.

Olhos abertos e curados
Esperam sempre pela aurora.
Enxergar a vida com esperança
É fruto de um Encontro.


QUE NOSSOS OLHOS FALEM DE ESPERANÇA
Vemos diante dos nossos olhos um tempo difícil. As notícias nos dizem, sentimos na própria pele. Mas também vemos um tempo de esperança, de crescimento na fé e na fraternidade. Mas estamos VENDO esse tempo?
O Evangelho deste IV Domingo da Quaresma (Jo 9, 1-41) é rico em detalhes, diálogos e merece uma atenta leitura e contemplação. Tantas palavras se repetem: cego, olhos, enxergar, ver... Mas além de todos esses detalhes essa passagem merece o nosso precioso tempo para VER um encontro transformador. Um cego de nascença, mendigo, que foi curado e pôde enxergar pela primeira vez o mundo, seus pais, os seus interlocutores e enfim distinguir o dia da noite. Ele enxergou Jesus e a nova visão da vida que só o Senhor pode dar!
Ver e interpretar os sinais dos tempos é certamente uma tarefa necessária. É a arte do discernimento cristão: com os olhos de Deus ver, distinguir, escolher, decidir. Interpretar o tempo presente é um exercício de liberdade, de resistência às visões banais e alarmistas. Se não compreendemos ainda o que vivemos e a noite não nos permite enxergar a aurora de um novo dia, deixemos então que cada ação, cada palavra seja orientada pelo bem. Deixemos que nossos olhos sejam curados pela leitura do Evangelho. E então veremos Deus no meio de nós, em nós. Na verdade, muitos se perguntam: “Onde está Deus? Não o vejo, parece que não está aqui”. Deus está onde o deixamos entrar!
Sim, deixemos que Ele entre em nossa casa e que através dos nossos olhos Ele veja esse mundo com compaixão. Que nossos olhos curados por Ele falem de ESPERANÇA.


Ir. Ana Paula Ramalho, fsp (Reflexão)
Janine Boaventura (Desenho)
Ir. Rosa Ramalho, fsp (Poesia)
Três olhares sobre a Palavra

sexta-feira, 13 de março de 2020

3º DOMINGO DA QUARESMA - SEDE DE PÁSCOA

A ÁGUA VIVA
vem a ti
com seu poder e com sede.

Seu poder é de saciar,
transformar, recriar.
Sua sede é de salvar,
AMAR.

Vai! Deixa o teu cântaro.
Corre!
Agora és um cântaro vivo.
Vai saciar e fazer florir
a quem tem sede, como tu.

E sabes que se alguém te pede água
Pede algo mais, algo de ti.
Algo Dele,
da FONTE,
da Verdade.



SEDE DE PÁSCOA

Era quase meio-dia quando, cansado de uma viagem, Jesus sentou-se junto a uma fonte e eis que chegou uma mulher para tirar água. E entre eles um longo, inteligente e interessante diálogo começou.
O Evangelho deste III Domingo da Quaresma é um convite a viver a nossa espiritualidade como um encontro, como um diálogo com o Senhor, no qual descobrimos a nossa SEDE, mas principalmente a SEDE de Jesus. Também nós estamos sedentos como a mulher samaritana, temos um "poço" que não nos sacia definitivamente, temos vazios que não se preenchem nem com coisas, nem com pessoas... O Senhor também tem sede de nos salvar, de nos fazer retornar ao seu amor. Encontros de sedes.
Atualmente em alguns países as celebrações nas igrejas estão suspensas. O templo físico está fechado por prudência e pelo bem comum, mas a Igreja está mais aberta do que nunca, porque ela é o Corpo de Cristo vivo, fonte que não para de jorrar e nos fortifica na fé, na esperança e na caridade.
Este ano certamente teremos SEDE DE PÁSCOA, sede de passagem para um tempo melhor, sede de um tempo de saúde, de vida nova, de normalidade. Teremos SEDE de encontrar as pessoas, de abraçá-las sem medo e celebrar a Eucaristia e ouvir a Palavra em comunidade. E a nossa sede de Páscoa, uma vez saciada, nos transformará em fonte da Água Viva e correremos mundo afora deixando cair gotas de vida, de paz, de caridade, irrigaremos todo chão árido que pisarmos e nos vazios da humanidade ferida nascerão flores e frutas. Vamos aguar o mundo com a Água Viva que só o Senhor Crucificado Ressuscitado pode nos doar.

Para viver bem esta semana:
Este encontro com Jesus junto ao poço certamente ilumina nossa realidade atual de angústia, incertezas, medo e de notícias verdadeiras e falsas. Que possamos espalhar a esperança e termos a força de sermos próximos, ainda que distantes, e dizer aquela palavra que salva: Coragem!


Ir. Ana Paula Ramalho, fsp (Reflexão)
Janine Boaventura (Desenho)
Ir. Rosa Ramalho, fsp (Poesia)
Três olhares sobre a Palavra

sexta-feira, 6 de março de 2020

2º DOMINGO DA QUARESMA - ESCUTAR O FILHO AMADO COM TODOS OS SENTIDOS

ESCUTAI-O!
Com os olhos
dos ouvidos abertos,
toca-se tudo de um modo diverso.
Sente-se o sabor
de cada palavra,
mel e fel, amor e profecia.
O perfume da ressurreição
exala a partir de nós.


ESCUTAR O FILHO AMADO COM TODOS OS SENTIDOS

Nesta Segunda Semana da Quaresma subimos uma alta e linda montanha com Jesus, a ponto de querer permanecer lá diante de tamanha beleza e paz. Nós subimos como seus convidados especiais e descemos como seus amigos íntimos, levando dentro de nós o segredo da nossa esperança. E naquele lugar com gosto de Céu, somos surpreendidos com uma Presença luminosa e um convite simples e ao mesmo tempo desafiador para os nossos tempos: ESCUTAR. A voz do Pai gentilmente nos convida à escuta que vai além dos ouvidos. É SENTIR o perfume de esperança, TOCAR o seu Amor concreto, VER sua Presença nesse instante, SABOREAR e nutrir-se de sua Palavra.
O Evangelho deste Domingo (Mt 17, 1-9) nos convida a escutar com todo o nosso ser o Filho Amado, mas também nos interpela a aprender com Ele a sermos atentos à Divina Voz, que nos fala na Palavra, no sacrário da nossa consciência, em todos acontecimentos, na alegria e na dor. Pedro subiu com Jesus e queria permanecer na montanha. E quem de nós já não quis parar o tempo para eternizar uma alegria ou estancar um sofrimento e construir uma casa estável junto de quem se ama e viver à sombra desse Amor sem a dor e a finitude?
Porém, não podemos voltar ou adiantar o relógio. Mas, em todas as situações que nos tiram o chão, podemos perceber os passos do Filho Amado que se aproxima de nós, que nos toca com suavidade e força e nos diz: "LEVANTEM-SE, NÃO TENHAM MEDO" (Mt 17, 7).
Sim, estas são as palavras do Filho que o Pai nos convida a escutar hoje. A Cruz é inevitável nas descidas e planícies desta vida, contudo, se prestarmos atenção, podemos ESCUTAR a presença do Senhor em cada momento e já sentir o perfume da Manhã da Ressurreição.

·   Para viver bem este tempo quaresmal:
Um exercício simples e muito eficaz de oração é a repetição de uma palavra ou frase da Palavra de Deus. Sugerimos para esta semana a repetição interior das palavras de Jesus no Evangelho deste Domingo: "LEVANTE-SE (seu nome), NÃO TENHA MEDO" (cfr. Mt 17, 7).


Ir. Ana Paula Ramalho, fsp (Reflexão)
Janine Boaventura (Desenho)
Ir. Rosa Ramalho, fsp (Poesia)
Três olhares sobre a Palavra