domingo, 22 de setembro de 2019

DOCILIDADE E DESPOJAMENTO

As folhas não escolhem 
Por onde querem ir e,
Dóceis,
Deixam-se orientar pelo vento.

As borboletas tem asas e vontade.
Passeiam diante de meus olhos
E aterrizam nas flores
Com delicadeza. 

O plátano vigoroso
Obedece ao outono
E paciente desnuda-se.
Sua beleza está em despojar-se. 

Escrever modifica a gente dentro
De forma suave.
A dor tece poesias e aprendizados.
Abro os olhos,
Levanto a cabeça 
E vejo tudo novo.
Até mesmo o que 
É mais comum, 
É novo.
Novo é meu olhar.
(Ir. Rosa Ramalho, fsp)