Em um balanço branco, de dois lugares,
estou sentada a observar um jardim. Um jardim e sua diversidade. Paro uns
instantes e penso neste mesmo lugar esverdeado e florido, quando ainda não era
o que é. Barro vermelho e aterrado, mas que na sua essência, também era belo.
Pastoso, pedregoso, seco ou com lama, alaranjado vibrante.
Ali, pronto para a qualquer momento,
ser modificado, transformado. A sua frente um muro, atrás, uma casa. Quem sabe
uma piscina ou calçamento seria uma boa ideia? Nem um e nem outro. Apenas
sementes e paciência. Herdei do meu pai, esse amor pela natureza. De ver além
do que ela apresenta.
Ele sempre me explicou que tem tal
planta deve ser posta abaixo de outra, pois não gosta de calor. Aquela outra
que por se desenvolver mais, precisa ser replantada do vaso para um espaço
maior. Ainda aquela que prefere uma terra mais úmida e que combina com a beira
do rio. Essa frutífera perto do muro, para conseguirmos colher quando der
frutos. Talvez perto de onde os pássaros gostam de cantar, para que tenham
alimento...
A grama a crescer, esperando ser
aparada. Árvores, de tronco fino, comprido, enrugado ou liso. Com outras flores
penduradas. Folhas coloridas, formatos variados, cheiros diferentes, texturas
distintas.
A semente germinando tanto nos
ensina: o cuidado com a terra, o adubo, o tempo certo para plantar. Depois, o
sol, a chuva, as pragas. Como viveriam somente de sol, se é com as tempestades
que crescem? A água infiltrada, o vento dando a forma.
O vento... Estou quase chegando à
conclusão que as melhores ‘coisas’ são como o vento. Não a vemos, apenas as
sentimos – como sentimentos sem descrição.
E ainda sentada a observar um jardim,
o comparo com uma família ou com a vida comunitária. Onde cada um(a) tem seu
jeito, formato, dons e limitações, mas que com paciência e se ajudando
mutuamente, crescem e progridem juntos. E o mais fascinante... Tornam a vida
mais bela, tipo como o vento, sem descrição.
Aline
Ruediger – Fevereiro/2015
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