Levantaste a mão para clamar ajuda,
mas o fogo foi mais forte
do que o nosso desejo
de mantê-lo vivo.
Tua boca sempre ardeu
como as chamas que te consumiram.
Palavra tem fogo.
Palavra corta, divide.
Palavra cura.
Palavra consola.
Mas a tua morte,
tirou-nos a palavra
e só sabemos entre lágrimas
repetir as tuas.
Provaste com teus gestos
que a caridade
transborda o religioso
e não pertence a quem se diz de Deus
mas a quem ama o outro
porque ama, só isso.
Agora, tocar o barco
é viver o hoje
como se nada fosse mais importante
do que um almoço com a família.
(Ir. Rosa Ramalho, fsp)
Ontem, 11 de fevereiro de 2019, eu voltava do almoço quando ouvi na rua a conversa de um rapaz com sua mãe. Ele dizia: "Mãe, faltou a senhora colocar a vírgula. Ele perguntou se a senhora já tinha alugado o imóvel e a senhora respondeu 'Não alugo pra você' em vez disso deveria escrever 'Não, vírgula, alugo pra você'". E os dois riram e seguiram seu caminho. Eu eu, ri também e segui o meu.
Cheguei na livraria ansiosa para contar para alguém esta conversa. Porém, algo mais forte chegou aos meus ouvidos: "Você viu que o Boechat morreu." Não consegui acreditar e fui logo pesquisar e era verdade. Uma triste verdade.
Sou uma apaixonada pelo rádio e desde 2006 eu acompanho a rádio BandNews, lá, estão no momento, os meus programas radiofônicos preferidos. Talvez nunca tenha dito a ninguém, mas sempre admirei o trabalho de Boechat, seus comentários feitos de improviso me provocavam a ter opinião e a ser melhor em minha comunicação.
Boechat, aprendi com você que comunicação é sempre sinônimo de paixão. As palavras não devem ser apenas bonitas ou bem colocadas. Elas devem inflamar, partir das entranhas de quem ama sobretudo a verdade e o bem dos outros. Uma vírgula tem poder. Palavra queima.
Querida, Rosa, com a habilidade da comunicação e da poesia que lhe são peculiares, você interpretou o sentimento de muitos de nós.
ResponderExcluirRealmente, sem palavras. So o silencio meditativo, sem perguntas.A vida é bum mistério e eu entendo sempre mais que é preciso adorá-lo.
Lindíssimo poema. Obrigada. Ele,o Boechat, vai ficar vivo no jornalismo competente, honesto, amante da verdade e da justiça.
Que ele receba o abraço do Pai.
Linda homenagem! Suas palavras simples e profundas sempre surpreendem, pois se encaixam na realidade mais bonita e mais sofrida. Obrgida, querida Rosa.
ResponderExcluirMinha irmã Rosa, você se expressa, por meio de suas palavras, com muita profundidade. E não seria diferente ao falar do grande Boechat. Obrigado pela sensibilidade ao tratar de um assunto que mexeu com a maioria do povo brasileiro. Verdadeiramente, perdemos uma voz que traduzia muitos dos nossos sentimentos. Irreparável...
ResponderExcluirVerdadeiras e sábias palavras. Boechat agora vive naqueles que amam a verdade que liberta, que comunica, que humaniza, que reza com atitudes. Ele está feliz com a sua poesia. Ele sorriu...
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